Home Governo de Portugal DGPC Home UNESCO
English Version
thesole

Glossário

A

Abadia

Complexo arquitectónico, muito difundido na Idade Média, constituído por diversos edifícios, onde vive uma comunidade monástica regida por um abade. Foi Benedetto da Norcia a fundar, no século VI, as primeiras abadias (Subiaco, Montecassino) em lugares isolados, que garantiam aos religiosos o afastamento do mundo necessário à reflexão e à oração. Entre os séculos VIII e XII, a consolidação das diversas comunidades monásticas motivou o florescimento de abadias, que se tornaram centros agrícolas totalmente autónomos e auto-suficientes, estabelecidos em vales ou colinas ricos em água, necessária para a irrigação dos campos. A partir do século IX, tal complexo arquitectónico assume a sua disposição típica com os edifícios que erguem à volta de um claustro, protegidos de ataques externos por uma cinta de muralha fortificada. No exterior das muralhas estendem-se os terrenos cultivados, cujos limites podem ser marcados por uma sequência de cruzes, como na abadia de Fontevrault (1191), ou por uma série de montjoies (tronco octogonal, construído sobre um conjunto de degraus, com um pináculo coroado por uma cruz no topo), como na abadia de Figeac. No interior das muralhas os diversos edifícios destinados à oração, à habitação e ao trabalho dos monges abrem-se para um claustro circundado por uma galeria. No centro do claustro, encontra-se, geralmente, uma fonte situada em correspondência com a porta do refeitório. A igreja, usualmente em forma de basílica, distingue-se das igrejas do clero secular por uma maior amplitude do coro, e está situada no lado do claustro oposto àquele onde se situam o refeitório e os serviços (cozinhas, latrinas). No terceiro lado do claustro encontram-se a sacristia, a sala capitular (destinada às reuniões mais importantes presididas pelo prior ou pelo abade, a seguir à igreja, é o lugar que exibe mais magnificência e grandeza), o locutório, em alguns casos a biblioteca e, no andar de cima, o dormitório dos monges. No quarto lado do claustro encontram-se, normalmente, os armazéns, enquanto que o cemitério está para lá da igreja. A esta parte da abadia, reservada exclusivamente aos membros da ordem, junta-se muitas vezes uma hospedaria com apartamentos para os hóspedes que dispunham também de cozinhas, escudarias, dormitórios para os servos e, em alguns casos, cemitérios laicos. Em muitas abadias existia uma enfermaria, isolada dos outros edifícios para evitar a propagação de epidemias, e dotada de uma capela própria. Na economia da abadia desempenhavam um papel fundamental os laboratórios e as oficinas onde se trabalhava o ouro, metais, vidros e tecidos, e os scriptoria, os locais onde os monges se dedicavam à cópia dos manuscritos e à realização das iluminuras. Podem notar-se diferenças entre as abadias das diversas ordens, não tanto na disposição da planta, mas antes nas linhas arquitectónicas: as abadias cluniacenses são caracterizadas por uma maior criatividade em relação às cistercienses, mais austeras e mais simples, sem pinturas nem esculturas ornamentais.

Abóbada 

Cobertura de um espaço, ou de parte dele, em forma de arco que descarrega na terra, através dos pés-direitos ou espaldas, o peso que comporta. Já utilizada pelos romanos, a sua evolução segue a do arco e a da cúpula. Como para o arco, na abóbada é possível distinguir um intradorso (superfície interior), um extradorso (superfície exterior), e um plano de imposta que corresponde à primeira secção plana. A chave é o ponto mais alto da abóbada. De acordo com as diferentes formas, distinguem-se vários tipos de abóbada. A abóbada de berço, que representa o desenvolvimento contínuo de um arco romano, é constituída por uma estrutura semicilíndrica que se apoia em dois muros paralelos onde descarrega o peso. A abóbada de arestas nasce do cruzamento de duas abóbadas de berço e é formada por quatro compartimentos, chamados panos, divididos uns dos outros por nervuras de alvenaria, de formas diferentes consoante os vários períodos (o cruzamento das nervuras coincide com a chave de abóbada). Estes dois tipos de abóbada são os mais comuns.  

Abside 

Estrutura arquitectónica de planta semicircular, poligonal, quadrada ou lobular; coberta por uma meia cúpula. Já difundida na época romana, quer nos edifícios sacros, quer nos profanos, assume formas e dimensões que variam segundo o período. Vulgarmente, nas igrejas cristãs a abside é colocada no final da nave central, atas do altar-mor; geralmente, contém o coro, mas também pode coroar as naves laterais e o transepto. A partir da época românica, enriquece-se com um corredor (deambulatório) que se desenvolve à volta da capela-mor e que estabelece comunicação com pequenas absides (absidíolos) dispostas radialmente (igrejas cluniacenses e borgonheses). Esta última estrutura é característica, também, das igrejas góticas que, nalguns casos (Saint-Germain des Prés, Notre- Dame), apresentam um duplo deambulatório.

Aduela 

Pedra em forma de cunho utilizada na construção dos arcos e das abóbadas.

Altar 

Originalmente designava uma mesa de madeira ou uma laje de pedra, perante a qual se apresentavam as oferendas dedicadas às divindades pagãs. Nas igrejas cristãs é a estrutura destinada à celebração da missa e encontra-se no presbitério ou capela. Nos primeiros tempos da idade cristã era realizado em madeira, posteriormente passou a ser em pedra ou em mármore O altar é constituído por diversas partes: a mesa é o pano; o estipes é a estrutura de suporte; o sepulcrum contém as relíquias. Entre as decorações suplementares que muitas vezes o enriquecem encontram-se o tabernáculo ou edícula, uma pequena construção localizada por cima da mesa onde está guardada a hóstia; o paramento frontal ou mesa de revestimento que esconde os estipes; o dossel ou parede posterior decorado com quadros ou esculturas na Idade Média é fixo de forma estável à mesa e no período gótico é ampliado, formando o altar de portinholas; o retábulo é a parte centra pintada da parede posterior; o cibório é a estrutura de cobertura, suportada por quatro colunas de canto; o baldaquino, telheiro suspenso sobre o altar. Dependendo da posição, pode-se falar de altar-mor (altar do Senhor), colocado à frente à abside ou no seu interior, ou altares menores, consagrados aos santos. Conforme a forma distinguem-se altares em mesa formados pelo plano e pelos suportes; Altares em cofre, constituídos por uma grande custódia para as relíquias nos estipes; altares em bloco, com estipes maciço e mesa saliente; altar em sarcófago (muito difundido a partir do séc. XVI), com forma de sarcófago ou utilizado como tal. O altar de portinholas difunde-se nos séculos XV-XVI, sobretudo na Alemanha, nos Países Baixos, e no nordeste de França, na Escandinávia, e é caracterizado pelo degrau (degrau do altar sobre a mesa), usado como relicário e como suporte para o retábulo fixo. Aos lados deste, estão aplicadas as portinholas, frequentemente enriquecidas com figuras entalhadas ou pintadas. Os retábulos tardo-góticos são coroados por uma ancona, estrutura leve caracterizada por pináculos e outros elementos decorativos. O altar pode ser fixo (altare fixum) ou portátil, e neste caso é de dimensões reduzidas. 

Aqueduto 

Construção formada por uma ponte suportada por arcos e sulcada por um canal que transposta água. Aperfeiçoado pelos romanos que o difundiram em todo o Império. Entre os aquedutos mais conhecidos recordam-se o de Nimes em França e o de Segóvia em Espanha.

Arquitectura Cisterciense 

Esquema construtivo de linhas simples e severas que tem origem em Borgonha nos primeiros anos do século XII com os monges da ordem de Cister. As principais características deste estilo são a fachada sem torres, um único campanário, o corpo alongado em sentido longitudinal, coberto por asnas e o coro em fecho rectilíneo, com semicolunas de suporte da abóbada. Este esquema foi realizado rigidamente até cerca de 1150, depois enriquece-se, também, com as influências locais. Em Portugal, o exemplo mais célebre é a Abadia de Alcobaça e, em Itália, as abadias de Chiaravalle e de Morimondo, nas proximidades de Milão.

Arco

Estrutura arquitectónica curvilínea que transmite a carga aos suportes onde se apoia (pilares, colunas, pé-direito) de modo a suportar tramos, mesmo de grandes dimensões. É erguido com pedras em forma de cunha ou rectangulares, mantidas unidas por juntas de argamassa. Já conhecido pelas civilizações mesopotâmicas, o arco torna-se num dos elementos mais importantes da arquitectura romana e ainda hoje é muito utilizado para suportar estruturas de assinaláveis dimensões. No arco podem-se individualizar diversas partes: A superfície interior é chamada intradorso, a exterior extradorso, a distância entre o extradorso e o intradorso é a espessura do arco. Os pés-direitos ou encostos são os suportes verticais que sustentam o arco, a imposta é a superfície com que o arco se apoia nos pés-direitos. A arquivolta é a platibanda ou a cornija que segue o arco na sua parte interna evidenciando-o; a primeira pedra na extremidade do arco é chamada saimel, enquanto que a coluna na parte central é a chave da abóbada. A distância entre os pés-direitos, em correspondência com as impostas, chama-se luz, corda ou alcance, a flecha, é a distância entre a chave da abóbada e a corda e equivale à altura do arco. Com base na forma do intradorso distinguem-se diversos tipos de arco. O arco de volta perfeita ou inteira é o mais comum e tem a curvatura semicircular. O arco agudo, quebrado ou ogival tem o intradorso formado por duas curvas que, por sua vez, forma uma cúspide, muito usado na antiguidade, típico da arquitectura árabe e gótica. O arco abatido é caracterizado por uma corda inferior ao diâmetro: é um semicírculo incompleto. O arco elíptico tem a curvatura em forma de meia elipse; o arco de fechadura ou ultrapassado tem o centro mais alto do que a imposta; o arco lobado, polilobado ou policêntrico tem o intradorso formado por uma sucessão de vários lóbulos: de origem oriental, foi muito difundido na arquitectura árabe e no gótico francês. O arco aviajado tem os planos da imposta colocados em diversas alturas e desenvolve uma acção de suporte para equilibrar os botaréus horizontais de outros arcos.

Átrio 

Nos edifícios etruscos e romanos é o pátio central circundando por colunas, nas quais se encontra o tanque que recolhe a água da chuva (impluvium). É para o átrio que se abrem os compartimentos da casa. Na basílica cristã é o pátio alpendrado que precede a entrada. 

B

Baldaquino 

Originalmente o termo indicava um tecido de seda de Baldacco (italicismo da palavra Bagdad); de seguida indicou um pedaço de tecido suportado por quatro ou seis hastes rígidas (baldaquino móvel) ou pendentes de cima (baldaquino fixo). O seu uso difunde-se na Europa, nas celebrações litúrgicas solenes onde o baldaquino móvel era usado por papas e bispos. O baldaquino fixo é, por sua vez, colocado como uma cobertura de tronos, de cadeiras episcopais e, desde o século XIV até ao século XIX também de camas. Durante a idade média os baldaquinos de mármore ou de pedra podiam cobrir os túmulos ou os altares. Um tipo especial de baldaquino é o que Gian Lorenzo Bernini criou entre 1624 e 1633, em bronze, disposto sobre o altar principal da Basílica de São Pedro em Roma.

Barroco 

Corrente artística difundida em Itália e na Europa no século XVII. O termo é usado com sentido negativo, a partir do século XVIII, para definir um período de crise artística caracterizado pela falta de gosto e pela decadência estética e ética. A partir do final do século XIX esta lógica começa a ser contestada e é evidenciada a originalidade do barroco, relativamente ao contemporâneo classicismo. De um ponto de vista histórico o termo indica um estilo que nasce em Roma durante o papado de Urbano VIII (1623-1644) e a partir de então difunde-se por diversas partes de Itália e da Europa Católica. Caracterizado por uma forte exuberância espectacular, o barroco prefere jogos de luz, triunfos de cores e de efeitos de movimento que devem envolver emocionalmente o espectador e afirmar o poder eclesiástico. Em relação ao Renascimento, o barroco exprime uma nova concepção do espaço, que deixa de ser harmoniosamente ordenado pela perspectiva, para ser dominado por ilusionismos pictóricos capazes de dar espectacularidade à representação e dar a ideia do movimento. A permanente procura de dinamismo, unida à volta de impressionar o espectador, inspiram também as obras de Bernini, exemplo do mais alto nível da escultura barroca, como demonstra a Cátedra de São Pedro no Vaticano: aqui, a arquitectura, a escultura e a decoração contribuem para um efeito de grandiosidade, ampliado por uma sábia utilização da luz. Em arquitectura, a sensação de dinamismo é obtida através da articulação das superfícies em espaços vazios e cheios, côncavos e convexos. Como testemunho as fachadas das igrejas barrocas. 

C

Cabeceira 

Parte final da Igreja, corresponde à zona atrás do altar que compreende a abside, o ambulacro e as eventuais capelas dispostas em leque à volta da abside.

Calvário 

Representação pictórica ou escultórica da crucificação de Jesus. Pela sua imponência tornaram-se célebres os calvários construídos na Bretanha durante toda a Idade Medieval até ao século XVII. Na sua origem, o calvário era uma rocha natural, que se encontrava num espaço aberto, sobre a qual são esculpidos o Crucifixo, os instrumentos da Paixão e outros motivos iconográficos. Com o passar do tempo, a forma do calvário sofreu uma evolução, transformando-se numa estrutura arquitectónica articulada, situada junto das igrejas ou cemitérios, constituída por uma base sobre a qual são narrados, em relevo, os episódios cruciais da Paixão. Em cima da base, são colocadas três cruzes (a de Cristo, maior, juntamente com as dias mais baixas dos ladrões) cercadas por várias personagens. Entre os calvários bretões mais célebres distinguem-se o de Tronoen (1490), o de Plougouven (1554) e de Guimiliau (1581).

Canteiro, Marca de

Marca com a qual os canteiros assinalam as pedras por eles desbastadas, conforme um costume muito difundido entre os séculos XII e XVIII.

Capitel 

Elemento arquitectónico que liga o fuste da coluna à estrutura superior (arquitrave e arco). É constituído geralmente por uma parte inferior (equino, ou coxim), com função estética, por isso frequentemente decorada, e por uma parte superior mais sóbria (ábaco) que tem uma função estática. Cada época e cada estilo modelou o capitel segundo gostos e exigências diversas. No período gótico é muito difundido o capitel de crochet (ou de cogulho, colchete, gancho ou cogoulo), que apresenta grandes folhas angulares em gancho, ou flores ou folhas em betão sobre os ângulos do ábaco.

Capela 

Pequeno local destinado à oração, isolado ou incorporado em complexos arquitectónicos (igrejas, conventos, palácios, castelos). O nome deriva da pequena sala na qual os reis merovíngios conservam o manto (capa) de São Martinho de Tours, chamada assim capela. As capelas isoladas são as mais antigas e na origem tinham uma função funerária (Mausoléu de Gala, Placídia, Ravena, Séc. V). A partir do século XII, assumem dimensões maiores, como se fossem pequenas igrejas, como a Saint-Chapelle de Paris, construída por volta de 1245, ou ainda a Capela dos Loucos em Florença (1430-1436). As capelas incorporadas nas igrejas começam a difundir-se por volta do séc. X, com a forma de pequenas absides semicirculares que se abrem para o interior da abside-mor, destinadas a conter altares ou relicários (Igreja de São Martinho de Tours). Nas abadias cistercienses, as capelas que ladeiam a abside são por vezes quadradas. A partir de 1200 as naves laterais das igrejas começam a encher-se de capela nobres, destinadas a acolher os monumentos fúnebres das famílias mais ricas. Esta ampliação da igreja assumirá um carácter permanente e as capelas laterais tornar-se-ão cada vez mais importantes e ricas, como demonstram a Capela Brancacci, na igreja do Carmo de Florença, decorada por Masaccio, e a Capela Sistina em Roma, com frescos de Miguel Ângelo. No período barroco, as capelas serão influenciadas pelo gosto cenográfico, típico do monumento. 

Castelo 

Estrutura arquitectónica fortificada habitualmente erigida em posição elevada e dominante. A estrutura típica de um castelo é construída por uma potente cinta de muralha ameada, frequentemente acrescida no exterior por construções de reforço chamadas barbacãs. Ao longo da muralha dispõem-se as torres de vigilância, ligadas entre si por uma passagem para as sentinelas, a que se chama o caminho de ronda. Em caso de assaltos, entre uma ameia e a outra eram colocadas barreiras móveis com aberturas. Dentro das muralhas, no pátio, para além da habitação do senhor e dos outros edifícios, erguia-se uma forte torre fortificada chamada mastio o donjon (ou ainda macho ou torreão), que constituía a parte mais segura do complexo. As muralhas eram circundadas por um fosso atravessado por uma ou mais pontes levadiças, que eram içadas em caso de ataque. Com a difusão das artilharias, acrescentaram-se ao castelo corpos defensivos poligonais com muros muito espessos, privados de aberturas ou ameias, chamados bastiões. Inicialmente construídos em madeira, os castelos em pedra começam a difundir-se a partir do século XII. A sua estrutura muda consoante os períodos históricos, os estilos e as exigências defensivas: durante o período românico, por exemplo, o torreão, que por vezes coincide com o próprio castelo, tem grande importância. A partir do período gótico, por sua vez, o castelo torna-se um palácio fortificado que corresponde sobretudo a exigências de habitação e o torreão tende a desaparecer. 

Catedral 

O termo indica a igreja mais importante da cidade, na qual oficia o bispo. 

Cela 

O local mais interior do templo clássico, de forma quadrangular, sem janelas; continha o simulacro do deus e geralmente não estava acessível aos fiéis. O termo indica também as pequenas divisões dos conventos e dos mosteiros nas quais vivem os religiosos.

Coluna 

Elemento arquitectónico que, através de uma arquitrave, um arco ou uma abóbada, sustém o peso da construção dominante; por vezes pode ser usada também como elemento meramente decorativo. Geralmente cilíndrica ou poligonal, com proporções e decorações diversas consoante as ordens (dórica, jónica, coríntia, compósita, e outras) e as épocas, é construída por uma base, um fuste e por um capitel. Por vezes longo, o fuste apresenta uma parte convexa (entasis) e pode-se estreitar levemente para cima ou para baixo (afunilamento). Pode estar isolada, adossada ou inserida (embebida) numa parede da qual se pode estender mais ou menos até metade. Se tem uma altura normal nas secções de dimensões reduzidas, chama-se semicoluna.

Convento 

Complexo arquitectónico, no qual vive um grupo de religiosos; os edifícios que o constituem estão geralmente dispostos à volta de um claustro e, em contraste com as abadias, que surgem em locais isolados, pode-se encontrar no interior de um centro habitado. 

Coro 

Nos teatros da antiga Grécia era o espaço destinado aos dançarinos e aos coristas. Nas igrejas cristãs é o local reservado aos cantores e ao clero, e nas igrejas conventuais apenas aos frades. Geralmente apoiado em alguns degraus e elevado em relação ao nível da igreja. 

Cruz, planta de 

É chamada assim a planta em forma de cruz de um edifício sacro. Segundo as várias formas de cruz, distinguem-se plantas de cruz grega ou quadrada, na qual o edifício tem quatro braços do mesmo comprimento; planta de cruz latina ou imissa ou capitata, na qual o braço curto intersecta o braço longo a cerca de um terço do seu comprimento; planta de cruz, ou tau ou comissa ou patibulada (em forma de T), na qual o transepto se encontra na extremidade da nave central.

Cúpula  

Abóbada ou calote uniforme que cobre um espaço redondo, quadrado ou poligonal; pode ser de planta circular ou semicircular, e de secção ogival ou bulbiforme e é realizada com elementos radiais de pedra ou elementos de terracota. Quando o espaço subjacente tem uma forma quadrada ou poligonal ocorre relacionar a planta com a cúpula inserindo penachos ou velas (ambos são triângulos esféricos) ou ainda trompas (semi-cones côncavos). Entre os penachos (ou as trompas) e a cúpula, está frequentemente presente um tambor cilíndrico (ou octogonal), no qual podem ser também abertas janelas (óculos). Por exemplo, no fecho da cúpula pode ser colocado um pequeno nicho aberto, a lanterna. As grandes cúpulas (como a realizada por Brunelleschi para a Catedral de Florença) são frequentemente de duas calotes, isto é, são compostas por uma cúpula interna e uma protecção exterior.

D

Decoração 

O conjunto de todos os objectos e ornamentos utilizados para embelezar. Nas manufacturas em cerâmica, a decoração consiste no desenho.

Edícula 

Edifício de pequenas dimensões em forma de templo, de tabernáculo ou de nicho com colunas, que contém uma estátua ou uma pintura. Frequentemente construído com função comemorativa ou como monumento sepulcral (no período paleocristão). O significado de edícula foi alargado para incluir também a efígie de um santo colocada numa cornija arquitectónica. Construção que se desenvolve simetricamente em torno de um corpo central com planta redonda, elíptica, quadrada, poligonal ou cruciforme, com quatro ou mais absides, geralmente coberto por uma cúpula, que cobre também os braços laterais. No período clássico, a estrutura do edifício centralizado era utilizada na construção de sepulturas e de templos circulares. No período paleocristão e na Idade Média, era preferida a construção com planta longitudinal, enquanto o edifício centralizado era utilizado sobretudo como baptistério e como capela sepulcral ou palatina. Por outro lado, na arte bizantina, na construção das igrejas privilegiava-se a planta central. O Renascimento, o barroco, e o neoclássico insistiam particularmente na utilização da planta central e frequentemente acrescentavam um corpo longitudinal à mesa. Na arquitectura moderna, a planta central sobrevive essencialmente na construção dos edifícios destinados a acolher um grande número de pessoas (igrejas, estruturas desportivas).

Escultura 

A arte de plasmar a matéria. Conforme o material utilizado, a escultura divide-se em seis tipos: de madeira, de pedra, de marfim, de barro, de metal (ourivesaria) e de bronze (fusão).

Escultura Arquitectónica 

É assim chamada uma obra plástica incluída no interior ou no exterior (por exemplo num tímpano ou nos arcos suspensos das fachadas românicas) de um edifício a cuja estrutura está fortemente ligada. Este tipo de escultura é popular no período clássico, no tardo-românico, no gótico e no barroco, enquanto que no neoclassicismo é substituída pela escultura livre. Na escultura arquitectónica são frequentes algumas formas figurativas como o acrotério, o atlante ou telamão, a cariátide, o amorzinho e os cupidos.

Estaleiro 

Forma de organização do trabalho artístico, muito difundida a partir da época medieval, em que um ou mais arquitectos projectavam uma obra e coordenam directamente a sua realização por mesteirais altamente especializados.

F

Fachada 

A parte anterior de um edifício que é geralmente a mais importante e contém a entrada principal. De modo geral, a fachada segue a articulação interna da construção, marcando os pisos e o número de naves; no período barroco, a fachada arqueava-se para o exterior em conformidade com as elipses que caracterizavam os espaços interiores. Por ser o lado mais visível de uma construção, era prestada particular atenção à sua composição e à escolha dos materiais utilizados na sua decoração, como se observa claramente nas fachadas de algumas igrejas românicas toscanas (San Miniato, Abadia Fiesolana, Collegiata di Empoli), enriquecidas por policromias de mármores e por elementos arquitectónicos clássicos (arquitraves, tímpanos) utilizados como se fossem emblemas nobiliárquicos. A fachada é, também, o lugar no qual se exprime a essência de um determinado estilo arquitectónico: por exemplo, o verticalismo gótico é expresso através das imponentes fachadas das catedrais, e o rigor geométrico renascentista é bem representado pela perfeita simetria das fachadas típicas do período. Nestes casos, o aspecto formal (fachada) de um edifício encontra-se estreitamente ligado ao seu conteúdo (elementos construtivos, planta, volumes); esse vínculo foi cortado a partir do século XIX, quando os grandes edifícios típicos da modernidade (estações, fábricas, museus) reduziram a fachada a um elemento secundário em originalidade. Na arquitectura contemporânea, o valor da fachada é frequentemente diminuído, embora não faltem exemplos nos quais as pesquisas plásticas correspondem aos requisitos funcionais, devolvendo à fachada um valor simbólico, como no caso da Estação Termini de Roma. 

Gárgula 

Elemento arquitectónico saliente, por vezes com formas caprichosas, por onde é evacuada a água dos algeirozes. Característica dos edifícios góticos.

Goteira 

Boca de escoamento que recolhe a água da chuva proveniente dos telhados afastando-a do muro. Nos edifícios góticos, era frequentemente esculpida em forma de animais ou de monstros com a boca aberta. 

Gótico 

O termo começa a ser utilizado a partir do século XV para definir polemicamente um tipo de letra medieval e, posteriormente, foi alargado, mantendo sempre uma forte conotação negativa, para indicar toda a arte medieval. O processo de revalidação do gótico, iniciado no séc. XVIII, completou-se definitivamente no séc. XIX, graças ao romantismo. Os primeiros indícios do gótico encontram-se no coro da igreja de Saint-Denis, no Norte de França, realizado em 1140: A partir dessa data, o estilo difundiu-se por toda a Europa, entre os séculos XII e XIV. As características peculiares do gótico encontram-se não tanto nos elementos estilísticos individuais (arcos ogivais, arcos aviajados, nervuras, abóbadas com nervuras e contrafortes, utilizados em vez dos maciços muros românicos), como na utilização dos mesmos, combinados de maneira original com o objectivo de produzir surpreendentes efeitos de leveza e de dinamismo, com uma acentuação da estrutura vertical em oposição à sólida e pesada horizontalidade típica do estilo românico. A verticalidade é mais acentuada nos exteriores devido à difusão dos elementos ornamentais, como coruchéus e pináculos que adornam o topo das catedrais e dos edifícios góticos. A nível estrutural, a construção foi libertada das funções estáticas a que estava sujeita na época românica, graças à utilização de novos elementos (grandes pilastras no interior e arcos rampantes no exterior), e tornou-se mais dinâmica e leve com os grandes vitrais, que desenvolvem a estética da luz, símbolo evidente da divindade. Com base nas diferentes regiões geográficas e nos diferentes períodos, observam-se diferenças no estilo gótico que, por exemplo, se desenvolveu primeiro em França e depois na Itália (entre os séc. XIII e XIV), onde as influências românicas permaneceram durante mais tempo e, portanto, as estruturas eram menos acentuadas em comparação com os exemplos transalpinos. No que respeita à escultura, embora seja necessário ter em conta as diferentes matizes assumidas pelo próprio estilo ao longo do tempo, as figuras caracterizam-se, em geral, por panejamentos mais harmoniosos que nos exemplos românicos, membros proporcionados, e por uma notável variedade de expressões e de movimento que levaram à definição de naturalismo gótico. 

Granja 

Local onde uma comunidade religiosa vive e trabalha, sustentada por uma economia agrícola.

Iconografia 

Termo de origem grega que significa literalmente «representação figurada». É utilizado para indicar quer o conjunto das representações figurativas de uma determinada personagem ou tema (por exemplo, a iconografia de Trajano inclui todas as imagens do imperador em forma de estátuas, moedas e medalhas, que se conservam até hoje), quer a disciplina que estuda e descreve as imagens com particular atenção às maneiras com as quais os temas são representados durante o decorrer dos séculos. Entre as principais tarefas da iconografia, além da descrição dos temas, das obras figurativas, está a individualização dos diferentes temas tratados e as possíveis representações que deles são dadas, as mudanças que estas representações tiveram ao longo do tempo e em relação aos diferentes estilos, o estudo dos atributos das várias personagens representadas e a explicação do sentido das alegorias. Durante a segunda metade do século XX, o historiador de arte Erwin Panofsky propõe uma distinção entre iconografia – a descrição dos temas e dos atributos – e iconografia – uma compreensão mais profunda e cientifica do sentido das imagens e dos símbolos representados, sobretudo nas suas mudanças e na relação que estabelecem com a cultura do seu tempo. A iconografia e a iconologia têm ambas um papel fundamental na história da arte porque permitem apreender o valor da obra figurativa em toda a sua complexidade, analisando-a como um documento da época à qual pertence e evidenciando as ligações com as outras expressões artísticas.

Igreja Matriz 

A igreja mais importante de uma cidade; coincide geralmente com a catedral quando surge numa localidade que é também sede episcopal.

Iluminura 

Em geral, o termo foi estendido para indicar um desenho ou uma pintura de dimensões pequenas, realizado a aguarela, esmalte ou óleo, em suporte de pergaminho, de marfim ou de cobre, perfeitamente acabado e com grande riqueza do pormenor. No sentido propriamente dito do termo iluminura do século XX, indica a arte de ilustrar e decorar manuscritos; geralmente é executada com tintas de água ou de têmpera, em papiro na antiguidade, e em pergaminho e em papel, posteriormente. O termo deriva de minium, a tinta vermelho cinabre que os amanuenses utilizavam para escrever os títulos e as letras iniciais nos manuscritos, e para o enquadramento das páginas. As origens da arte da iluminura remontam aos papiros ilustrados do antigo Egipto, nos quais se inspiraram os alexandrinos para realizar os códices em pergaminho, decorados a ouro e a prata. Os exemplos mais antigos que chegaram até nós são os realizados entre o séc. IV e o séc. VI d.C. (a Ilíada de Ambrósio, o Virgílio Vaticano, o Génesis de Viena, o Códice Purpúreo de Rossano) nos quais as formas clássicas são unidas às cores brilhantes, com uma predilecção por motivos geométricos e estilizados. A iluminura, após o séc. VII, durante o período iconoplasta, sofre um declínio para depois reflorescer entre os sécs. XX e XII com os esplêndidos exemplos bizantinos, que conjugavam a riqueza dos motivos orientais com a componente narrativa típica do naturalismo alexandrino. No mesmo período, a iluminura é praticada com resultados particularmente apreciados em Inglaterra e na Irlanda: os exemplos mais notáveis desta produção são os evangeliários enriquecidos de refinadas composições lineares e de motivos antropomórficos e zoomórficos (livro de Kelles, séc. VIII, Dublin, Trinity College).

L

Lápide 

Pedra achatada utilizada em honra e memória de um defunto. É colocada na vertical nas paredes das igrejas, nos claustros ou nos pilares, mas não indica um túmulo porque não está colocada junto à sepultura. Pode ter uma inscrição ou uma representação do defunto ou apresentar uma cena em que este está em adoração, ajoelhado ao pé da cruz de Cristo. Atingiu formas particularmente elaboradas no Renascimento e no Barroco.  

M

Manuelino, Estilo 

Estilo do final do período gótico português que se difunde durante o reinado de D. Manuel I, o Ventoso (1495 -1521), contemporâneo do estilo espanhol Isabelino. É caracterizado por sumptuosas decorações das paredes, dos pilares, das aberturas e dos pórticos, frequentemente inspirados em temas marítimos, e pelo uso de pilares torsos e de abóbadas de grande elaboração.

Manuscrito 

Texto escrito à mão. Diz-se que um manuscrito é iluminado quando é decorado com iluminuras. 

Mitra

Chapéu de uso litúrgico em fole, com duas faixas que descem sobre o pescoço (tiras pendentes da mitra e tiras da mitra). É usada pelo pontífice e pelos mais altos prelados da igreja. Confeccionado em tecidos de qualidade, tem importância artística pelos preciosos bordados com que é ornamentado. Entre os exemplos mais célebres e antigos encontram-se a mitra do Tesouro da Catedral de Anagni (séc. XII-XIII) e a do Museu de Cluny de Paris (séc. XIV).

Mosteiro 

Edifício no qual vive autonomamente uma comunidade de monges ou freiras dirigido por um abade.

N

Nave 

Numa sala é o espaço longitudinal entre duas fileiras de colunas ou pilares, ou entre uma fileira de pilares e uma parede. É típica das basílicas cristãs, que geralmente possuem três ou cinco naves; a nave central é quase sempre mais alta, tendo dimensões maiores dos que as naves laterais, chamadas colaterais. A nave, por sua vez, divide-se em tramos.

Neogótico 

Tendência cultural e artística que se propagou pela Inglaterra por volta de 1720, estendendo-se pelo resto da Europa a partir do fim do século. Aspira à reavaliação da arte e das civilizações medievais, sobretudo da arquitectura gótica, da qual salienta a originalidade em relação ao gosto clássico. Na Inglaterra coincide com o regresso dos moldes góticos que serão adoptados sobretudo pela arquitectura dos países nórdicos (Alemanha e França). Os principais representantes do neogótico são August Welby Pugin e John Ruskin. 

Nicho 

Vão rectangular ou semi-circular escavado na espessura de uma parede para colocar uma estátua ou outro objecto de culto. Pode ser dominado por um arco, uma platibanda ou uma meia-cúpula. Os nichos são usados para aligeirar as massas de edifícios excessivamente fechados ou para redistribuir o peso das abóbadas e das cúpulas.  

Obelisco 

Pilar alto em forma de paralelepípedo que se vai retraindo na parte superior, assumindo forma de pirâmide. As faces são cobertas por inscrições comemorativas. É um monumento típico do antigo Egipto, do qual foi levado para Roma na época imperial; mais tarde, o Papa Sisto V mandou colocar vários exemplares em diferentes pontos daquela cidade. 

Óculo

Abertura circular ou oval numa parede ou numa cúpula, formada por uma janela ou uma pintura, que se encontra numa parede ou no tambor de uma cúpula.

Ogiva

Originariamente o termo indicava cada uma das nervuras de uma abóbada de arestas góticas; depois foi utilizado como sinónimo de arco quebrado.

P

Panteão

Templo edificado em honra de todos os deuses. O mais famoso é o que Agripa (27 a.C) mandou erigir em Roma. O termo passou a indicar construções parecidas com esse.

Pedra de Construção

Pedra utilizada para a construção de edifícios. Pode ser de mina, isto é, não trabalhada e irregular; em bruto e depois encontrada; de cantaria, cortada em blocos rectangulares; tijolo, de barro ou argila, cozido pelos agentes atmosféricos. O tijolo moldado, pelo contrário, é necessário nas estruturas irregulares, devendo ser cozido em formas especiais, enquanto a argamassa é uma pedra artificial leve obtida da agregação de restos de pedra e usada durante a época gótica para as abóbadas.

Pergaminho

Motivo ornamental entalhado nos móveis de madeira, de uso muito comum nos séculos XV e XVI. Deriva o seu nome da semelhança com os pergaminhos enrolados.

Planta

Desenho arquitectónico que reproduz a secção horizontal, em escala reduzida, das várias partes de um edifício, como se este fosse visto de cima. Pode ser central, quando as figuras (círculo, hexágono, octógono) se organizam simetricamente à volta de um ponto central; cruciforme, quando reproduz simbolicamente a cruz grega ou latina; elíptica, quando reproduz uma elipse; longitudinal, quando se desenvolve num eixo vertical mediano; ou livre, caso não se encontre ligada a nenhum esquema. É a primeira etapa da elaboração arquitectónica de um edifício.

Policromia

Uso de múltiplas cores numa obra de arte.

Portal

Porta monumental à entrada de uma igreja ou de um palácio. É composto por uma arquitrave que sustenta um tímpano (muitas vezes com frescos), e ainda de um lintel, estípites, ombreiras, frontão e cornija. De particular valor são os portais das igrejas românicas e góticas, ricamente decorados e esculpidos, mas o modelo principal é o arco do triunfo romano.


rss