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Calefacção

Um Mosteiro Cisterciense, na sua origem, seria um conjunto edificado completo, num programa preciso de funções e de espaços, contido numa "cerca" com horta e terras de cultivo, o moinho, as oficinas e tudo o mais necessário à vida de uma Comunidade fechada ao exterior. O Modelo Cisterciense era estratificado nas suas Classes (Abade, Monges Brancos, Irmãos Conversos, Noviços), nos seus Espaços de rígida implantação (para serviço das variadas Funções e Classes, quer construídos, quer na Cerca) e também nas Águas (rios, levadas, condutas, cada com as suas finalidades específicas).

O Conjunto Edificado resultava também de um modelo notável de exposição solar e de comportamento ambiental, conjugado com massas térmicas apreciáveis.

Na estação quente, o Mosteiro de Alcobaça usufrui de "Ar Condicionado", de frescura ventilada contida nos seus espaços abobadados, fruto da inércia térmica inerente.

Na estação fria, há que não deixar arrefecer a grande massa térmica pétrea das paredes, abóbadas e pavimentos.

O fogo só era permitido em zonas restritas: nas cozinhas e no calefactório.
O calefactório, local de fogo quase permanente, localizava-se entre o Refeitório e a Sala dos Monges, estando o Dormitório (o espaço mais comprido depois da Nave Abacial) a nível de piso superior, por cima da Sala dos Monges e do Capítulo.
As temperaturas aí alcançadas espalhavam-se progressivamente pelas zonas adjacentes, que permaneciam mais quentes interagindo como volante térmico, afectando o Refeitório, a Sala dos Monges e o Scriptório e grande parte do Dormitório.

Para o Scriptório, a temperatura amena era fundamental, não só para a eficiência dos copistas, largas horas imobilizados na sua labuta estática, mas também para a consistência das tintas, que não podiam descer abaixo de determinadas temperaturas.

A implantação da Nave, correndo entre Nascente e Poente, e a sua exposição solar com rasgadas janelas para toda a semi-circunferência Nascente, também distribuídas por todo o Alçado Sul e com grandes Rosáceas a Sul e a Poente, seria parte do eco-sistema natural possível. Tal não impediria temperaturas baixas, em determinadas alturas, num espaço monumental, mas isso também fazia parte do modo de vida cisterciense: Penitência, Oração, Caridade e Solidão.

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