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Abades

A palavra “abade” provém do substantivo latino Abbas, abbatis, que significa “pai” e, ao longo dos tempos, tem sido utilizada como título clerical, ainda que se refira na sua acepção original à vida monástica e a quem governa uma abadia.


O título de Abade começou a ser utilizado em 472, aplicado a vários clérigos, nomeadamente das monarquias francas dos merovíngios e carolíngios.

Mais tarde e por influência de passagens da Bíblia Vulgata latina, era empregue como título aplicado a qualquer monge, passando posteriormente a ser exclusivo dos superiores monásticos, quer governassem ou não um mosteiro.

No que respeita ao clero regular, no século XII, os abades começaram a assumir um estatuto cada vez mais semelhante ao estatuto de bispo, envergando insígnias semelhantes às episcopais.

Para chegar a abade era necessário que o monge tivesse mais de 25 anos, fosse de nascimento legítimo e pertencesse à respectiva Ordem. O seu poder era “paternal” e absoluto, apenas limitado pelo direito canónico.


O caso de Alcobaça  

Até 1475, as regras impostas pela Ordem de Cister sobre a eleição dos abades foram cumpridas em Alcobaça. Contudo, neste ano, é instaurado o regime de comendas.

Durante o reinado de D. Afonso V, o abade D. Nicolau Vieira cede os seus direitos às mãos do poderoso cardeal D. Jorge de Melo.

Este facto veio enfraquecer e subverter o princípio da eleição do responsável pela comunidade. Em 1505, o governo do Mosteiro de Alcobaça foi entregue a D. Jorge de Melo, que em 1519 o entrega ao infante D. Afonso, irmão do futuro rei D. João III, que o gere até 1540.

Nesta data, a coroa apresenta como novo abade comendatário o Cardeal D. Henrique, que, em 1567, obtém do papa Pio V uma bula outorgando a completa autonomia dos monges, isentando-os da jurisdição da Ordem de Cister.

Nos finais do século XVI, a instauração da “Congregação Autónoma Portuguesa”  acarretou novos desafios para as abadias cistercienses sediadas em Portugal. Alcobaça tornou-se então a “cabeça” da Ordem e os seus abades tomaram o título de Abades Gerais da Congregação, submetendo também à sua jurisdição as outras duas Ordens implantadas no território – Avis e Cristo.

A abadia alcobacense resplandece e engrandece, com obras de restauro e repovoamento. Contudo, e em contrapartida, os cistercienses portugueses não puderam manter o relacionamento com o resto da Ordem de Cister, facto que em 1834, data da expulsão das ordens religiosas do território português, passou completamente despercebido às outras abadias europeias e fez com que Portugal fosse caso único do não restabelecimento da Ordem.

Segundo Professor Doutor Saúl António Gomes, são os seguintes os abades de Alcobaça entre o sec. XII e o sec. XVII:

 

D. Randulfo – 1152 a 1664

D. Bartolomeu – 1164

D. Pedro – 1170

D. Martinho – 1170 a 1191

D. Mendo – 1191 a 1206

D. Fernando Mendes – 1206 a 1215

D. Pedro Egas – 1215 a 1233

D. Pedro Gonçalves1233 a 1244

D. Fernando Eanes – 1244 a 1251

D. Estêvão Martins – 1252 a 1275

D. Pedro Nunes – 1275 a 1281

D. Estêvão Martins – 1281 a 1285

D. Martinho II – 1285 a 1289

D. Domingos Martins II – 1289 a 1295

D. Pedro Nunes – 1295 a 1318

D. Martinho III – 1318 a 1327

D. Estêvão Pais – 1327 a 1331

D. João Martins – 1332 a 1348

D. Vicente Geraldes – 1349 a 1369

D. Martinho da Cela – 1370 a 1381

D. João Eanes de Ornelas – 1381 a 1414

D. Gonçalo – 1414 a 1415

Fr. Clemente – 1415

D. Fernando do Quental – 1415 a 1426

Fr. Estêvão Lima – 1426 a 1431

D. Estêvão de Aguiar – 1431 a 1446

D. Gonçalo Ferreira – 1446 a 1459

D. Rodrigo de Porto de Mós – 1459 a 1461

D. Nicolau Vieira – 1461 a 1475


Dom Priores e Dom Abades Gerais do Mosteiro de Alcobaça 1530 a 1684

Fr. João de Elvas – 1530

Fr. Pedro de Aguiar – 1533

Fr. Bernardo – 1533

Fr. António de Aljubarrota – 1535

Fr. Gonçalo da Silva – 1543

D. Frei António – 1545

Fr. Gaspar Beça – 1548

Fr. Geraldo – 1558

Fr. Pedro – 1560

Fr. Geraldo – 1561

Fr. Bartolomeu de Santarém – 1565

Fr. Pedro de Rio Maior – 1567

Fr. Rafael de Santa Cruz – 1570

Fr. Guilherme da Paixão – 1573

Fr. Lourenço do Espírito Santo – 1580

Fr. Gonçalo Rego – 1584

Fr. Rafael de Santa Cruz – 1585

Fr. Gerardo das Chagas – 1592

D. Jorge de Ataíde – 1594

D. Fr. Francisco de Santa Clara – 1595

D. Fr. Lourenço do Espírito Santo – 1597

D. Afonso da Cruz – 1601

D. Fr. Plácido do Espírito Santo – 1603…

D. Fr. Remígio da Assunção – 1621

D. Ascenso da Paixão – 1621

D. Domingos Cabral – 1624 e 1625…

D. Fr. Estêvão Mimoso – 1632

D. Ascenso da Paixão – 1634

D. Fr. António Brandão – 1636

D. Fr. Gerardo Pereira – 1639

D. Fr. Domingos Cabral – 1642

D. Fr. Baptista de Meneses – 1646

D. Fr. Luís de Sousa – 1648

D. Fr. Gerardo Pestana – 1652

D. Fr. Manuel de Moreira – 1654

D. Fr. Vivardo de Vasconcelos – 1657

D. Fr. Gabriel de Almeida – 1660

D. Fr. Gabriel de Almeida – 1660

D. Fr. Lourenço Botelho – 1666

D. Fr. Luís de Sousa – 1666

D. Pedro Vieira – 1667

D. Fr. Francisco Brandão – 1668

D. Fr. Constantino de São Paio – 1669

Doutor D. Fr. António Brandão – 1674

D. Fr. Sebastião Sotto Mayor – 1675

D. Fr. Luís Coutinho – 1678

D. Fr. João Osório – 1681 a 1684

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